Artigo: Brincando de pescar
Há muito tempo a atividade de pesca no Brasil, que engloba produção; transporte; beneficiamento; transformação; comercialização; abastecimento e armazenagem; e aquicultura, representa um brinquedo nas mãos de nossas autoridades.
A Pesca não é vista nem tratada como uma atividade econômica geradora de emprego e renda, bem como de divisas e, sim, como uma moeda de troca, mudando de mãos a cada dia, segundo os interesses partidários do momento.
Nos últimos dez anos esse brinquedo chamado Pesca serviu de diversão para nada mais, nada menos, que quatro entidades. Desde uma Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca, subordinada ao Ministério da Agricultura, para em 26 de junho de 2009 ser transformada em Ministério da Pesca e, em seguida, retornar à condição de Secretaria, em outubro de 2015.
E, agora, em março de 2017, conforme Decreto 9004, volta a ser uma Secretaria subordinada ao Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, órgão que, provavelmente, seus dirigentes nunca tenham visto um peixe, a não ser servido na mesa.
Sem saber o que fazer as entidades acima citadas, com exceção do MAPA, brincavam de pescar, não sabendo o que estavam pescando, já que o brinquedo é mau cheiroso, não trazendo em seu bojo qualquer atrativo ou interesse em descobrir a sua utilidade e importância para o país e, sim, tão somente por interesse político.
O sentido figurado como até então enfocamos a situação da pesca na nossa terra serve, a nosso ver, para constatarmos a pouca ou nenhuma importância que é dada a essa atividade, que congrega uma enorme quantidade de pescadores artesanais, de subsistência, profissionais, além de um parque industrial para beneficiamento do pescado bem significativo e, ainda, um grande número de embarcações para captura de pescado, um sistema de transporte especializado e uma rede de comercialização nos supermercados.
Enfim, múltiplas atividades que direta ou indiretamente estão ligadas à pesca, bem como a aquicultura, que vem ganhando um status de desenvolvimento bastante significativo nos últimos anos. Tudo isso gerando emprego, renda, divisas e impostos em todo território nacional.
Uma atividade com tantos fatores positivos não pode continuar vivendo ao sabor de ondas de interesses. Mas, sim, na certeza de poder navegar num oceano de pesquisas e planejamento que nos levem a um porto seguro, com pessoas que realmente entendam e vivam o dia a dia do pescador e das indústrias a fim de tornar a pesca e a aquicultura uma atividade segura e eficiente com o seu retorno ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.